Por Tayla Sanchez
No dia 14 de agosto se comemora o Dia do Combate à Poluição. Uma data extremamente relevante, visto que, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 7 bilhões de mortes prematuras de seres humanos são provocadas pela poluição do ar. Existe uma lacuna de dados, porém, que indiquem a relação do número de mortes de pessoas com a poluição do oceano, mas, em relação aos animais, esse número é sabidamente bem grande. Por ano, cerca de oito bilhões de itens plásticos vão parar nos oceanos, levando mais de 100 mil animais marinhos à morte. Há dados que afirmam que, caso essa poluição não cesse, em 2050 pode haver mais plásticos do que peixes, em termos de peso, no oceano. Além dos resíduos sólidos, existe a questão da contaminação da fauna marinha por metais pesados, como o mercúrio. Cerca de 3 bilhões de pessoas dependem da biodiversidade marinha para sobreviver, como pescadores e pescadoras, por exemplo. A saúde e bem-estar dessas pessoas está diretamente relacionada a um ambiente limpo e saudável, para que possam tirar seu sustento diário.
O Brasil está entre os 20 países que mais contribuem para a poluição no oceano, segundo uma pesquisa internacional. Esse cenário motivou a realização do Programa Blue Keepers no país, que refinou estimativas e encontrou como pontos de entrada de lixo plástico nos mares brasileiros, fozes dos principais rios de bacias hidrográficas em todo o país, como o Rio Amazonas e a Baía de Guanabara, por exemplo. “O que nos chamou a atenção é que o Brasil é um país com muitas barragens, e há um miolinho onde essas barragens acabam impedindo que esses resíduos do interior tomem o caminho direto ao oceano”, explica Gabriela Otero - mestra em Ciência Ambiental pelo Programa de Pós-Graduação (Procam) do IEA e membro da Rede Brasil do Pacto Global da ONU - em uma entrevista para o Jornal da USP. Foi encontrado um alto risco de escape de resíduos plásticos ao ambiente, principalmente nas grandes capitais, que então pode ser mobilizado para o oceano. As principais causas para esse escape ao ambiente e chegada até os oceanos fazem parte de um cenário socioeconômico complexo, que inclui toda a cadeia de produção, consumo e descarte de resíduos sólidos.
Esse estudo é inédito e mostra que cada brasileiro é responsável por gerar, em média, 16 kg de resíduos plásticos que escapam para o ambiente por ano. Uma vez no ambiente, este plástico tem o risco de chegar ao mar. O Programa Blue Keepers, também implementa uma abordagem territorial, ou seja, ele considera o perfil de consumo de cada brasileiro e como é realizado o descarte desses resíduos, com reciclagem ou a destinação final inapropriada.
O projeto está ligado à Plataforma de Ação pela Água e Oceano do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil, alinhado com diversos movimentos de minimização desses impactos do plástico no ambiente marinho em nível estadual, federal e internacional. “No âmbito do Estado de São Paulo, é um plano estratégico de monitoramento e avaliação do lixo no mar. No âmbito federal, o plano de combate ao lixo no mar. E no âmbito internacional, todo o movimento vem sendo relacionado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14”, diz o professor Alexander Turra, do Instituto Oceanográfico da USP (IO) e coordenador da Cátedra Unesco Para a Sustentabilidade do Oceano do Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEA), para o Jornal da USP.
Sobre a autora:
Tayla Sanchez é jornalista, escritora e apaixonada pelos oceanos desde antes de começar a caminhar. Colaboradora de conteúdo da Liga das Mulheres pelo Oceano, buscando sempre entender qual é nosso papel na proteção daquele que nos deu a vida e lutando para que as nossas pegadas não sejam sentidas na natureza.
Fontes:
Foto de capa: Naja Bertolt Jensen no Unsplash
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