Descubra como foi participar da Conferência Our Ocean, no Panamá
Sou Fabricia Penha, Dra. em Biologia Ambiental, com ênfase em genética e conservação dos recursos pesqueiros. Através do ingresso da Prefeitura Municipal de Augusto Corrêa (PA), Gestão do Prefeito Estrela Nogueira, na rede Coastal 500, a prefeitura assumiu o seguinte compromisso: sustentar e apoiar as comunidades costeiras. A partir de então, a Prefeitura começou a focar e ações voltadas para a comunidade pesqueira, e por meio dessas ações a Secretaria de Meio Ambiente foi escolhida para participar da conferência internacional Our Ocean 2023.
A Our Ocean foi um importante evento que reuniu os governos, empresas e pessoas para demonstrarem seu interesse em salvar o oceano por meio de impactos mensuráveis e cooperação. A Rare, por exemplo, é uma instituição que busca a cooperação para a realização de uma pesca artesanal sustentável.
No primeiro dia da Our Ocean, na comitiva Coastal 500, acompanhamos os países da Noruega e Indonésia na discussão sobre a política do Carbono Azul, que ressalta a importância dos ambientes de manguezais para essa temática. Na ocasião, pude participar de um simpósio abordando a temática, e fiquei maravilhada pois a mesa de discussão era formada exclusivamente por mulheres! Dou destaque para a apresentação do Ministério de Coordenação dos Assuntos Marítimos e Investimentos da República da Indonésia, em que o representante mostrou os avanços do governo para a conservação do ambiente marinho e a importância da ampliação das ações do cabano azul por meio de parcerias. Também acompanhamos o diálogo sobre a gestão participativa e conservação dos recursos em unidades de conservação, nos países da Colômbia, Panamá e Guatemala, sendo destacado a importância do plano de manejo para as áreas de conservação, e a meta de 30x30, que representa conservação integral de 30% do ambiente até 2030.
Iniciei o segundo dia de conferência com uma palestra sobre oceanos resilientes, em que foi ressaltado que precisamos buscar políticas para a proteção da biodiversidade e a execução de atividades sustentáveis, garantindo a manutenção da saúde do oceano, para assim podemos assegurar a alimentação e manutenção das comunidades costeiras. Posteriormente, participamos do simpósio, organizado pela Rare, com tema "Governos Locais e Pesca Artesanal, Promovendo Parcerias Para a Cogestão". O senhor Caleb McClennen, Presidente da Rare dos Estados Unidos, realizou a abertura do simpósio, ressaltando a importância da cogestão entre governos e comunidades locais. As localidades compartilharam as suas experiências com falas dos representantes Lazaide e Royke da Indonésia, Wilmer Guzmam e Noel Ruiz de Honduras. Eu e Silvanno falamos pelo Brasil. O Simpósio foi um momento crucial para a minha participação na conferência, pois nessa ocasião eu era a única representante feminina entre os líderes dos governos locais.
Na ocasião, foram destacadas ações como um banco comunitário de poupança, a importância de uma atividade econômica alternativa para momento em que a pesca está fechada, além da relevância de ações de educação ambiental para levar temáticas como a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (Década do Oceano) para além das comunidades costeiras e a importância das conexões entre governos e comunidades tradicionais. Finalizamos o segundo dia participando do painel "A tecnologia como ferramenta importante para enfrentar os desafios relacionados ao oceano", e o importante papel da juventude como atores nas ações de conservação ambiental.
A experiência de participar da conferência Our Ocean, mostrou a quão importante e necessária é a união dos governos dos países costeiros para buscar políticas públicas para a conservação do oceano, e, consequentemente, traçar ações para diminuir os efeitos das mudanças climáticas. Como educadora defendo que precisamos trazer a temática do oceano para dentro da rede escolar. Esse, inclusive, foi um dos projetos apresentados no simpósio da conferência. Precisamos fortalecer a rede de lideranças que buscam reforçar e aumentar as áreas de conservação para reabastecer e sustentar as populações de peixes, protegendo os habitats costeiros como recifes de coral, manguezais e áreas marinhas, além de investir no fortalecimento da capacidade humana e recursos financeiros para sustentar a gestão da pesca com base na comunidade.
Sobre a autora:
Fabricia Penha é Doutora em Biologia Ambiental, com ênfase em genética e conservação dos recursos pesqueiros. Servidora da Secretaria de Meio Ambiente de Augusto Corrêa, Pará.
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