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30 anos de Dia Mundial do Oceano

No dia 8 de junho, celebramos o Dia Mundial do Oceano!


Há três décadas, em 8 de junho de 1992, na Rio-92 (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento) a equipe do Centro Internacional para o Desenvolvimento dos Oceanos do Canadá e do Instituto dos Oceanos do Canadá (OIC) lançou o primeiro Dia Mundial do Oceano. Agora, se você acha que o dia 8 de junho foi o escolhido por ser uma data em que algo importante sobre o oceano foi descoberto ou algum instituto foi fundado, você está errada!


A escolha da data veio de uma coincidência descoberta durante uma conversa informal entre dois atores importantes para a agenda oceânica: a Dra. Judith Swan - internacionalmente respeitada nos círculos de direito marítimo e, na época, Diretora Executiva do OIC -, e Peter MacLellan - relações públicas do governo canadense, autor do livro "The Future of Ocean Governance and Capacity Development - Essays in Honor of Elisabeth Mann Borgese (1918-2002)". Inspirado pela sua relação com uma colega de trabalho, Elisabeth Mann Borgese - a chamada “Mãe do oceano”, especialista internacionalmente reconhecida em direito e política marítima e fundadora do International Oceans Institute (IOI) - Peter teve a ideia de lançar o Dia Mundial do Oceano durante a Rio-92. A Conferência estava acontecendo entre os dias 3 e 14 de junho, e foi na conversa para decidir em qual dia seria o Dia do Oceano que Peter e Judith descobriram a coincidência: dia 08 de junho é aniversário da Judith e da esposa de Peter. E assim foi decidido que no dia 8 de junho aconteceria o seminário: “O Planeta Azul e a Cúpula da Terra". Ao final do seminário foi feita uma "Chamada de Compromisso" com dez pontos elaborados pelos organizadores que incluíam desde gestão de alto mar até gestão de zonas costeiras, e o décimo e último compromisso era a declaração do “Dia do Oceano", dia 8 de junho. (Quem também conta essa história de uma maneira bem legal e divertida é o quadro “MarIn”, do podcast Submerso, no episódio Dia do Oceano).


Você conhecia o porquê do Dia do Oceano ser dia 8 de junho? E da importância das cientistas marinhas Judith Swan e Elisabeth Mann Borgese, você sabia? Sim, temos mulheres muito relevantes à frente das ações de conservação do oceano e elas precisam ser reconhecidas! É importante destacar o papel crucial destas duas mulheres à frente da pauta oceânica. Elas foram fundamentais para a pauta ganhar visibilidade, sendo suas ações consideradas marcos de alerta aos governos do mundo para remediar os primeiros sinais de aquecimento global e mudança climática. E foi por causa delas que a proposta do Dia Mundial do Oceano pode começar a envolver o público e apoiar cientistas, líderes comunitários e tomadores de decisão para afirmarem o oceano mundial como um motor global que impulsiona e sustenta a vida neste planeta.


A data só foi oficializada pela ONU em 2008. De lá para cá, o Dia Mundial do Oceano cresceu e se tornou um grande evento para celebrar sua herança e dedicar esforços para preservar seu potencial inestimável. Atualmente, o objetivo é fazer, a cada ano, um tributo ao oceano e aos produtos que ele fornece. Dentre eles, cerca de 60 milhões de empregos pelo mundo e um PIB de US $ 1,5 trilhão, segundo o BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento).


O oceano cobre mais de 70% da superfície da Terra e contém 97% da água de todo o planeta. O mar abriga uma biodiversidade de cerca de 200 mil espécies identificadas e é parte essencial para promover a regulação climática do planeta, pois absorve cerca de 30% do dióxido de carbono produzido pelos seres humanos, é o chamado Carbono Azul. Além disso, cerca de 3 bilhões de pessoas no mundo dependem dos mares como fonte de alimento, trata-se, portanto, de uma questão de justiça social. E ainda pouca gente sabe disso e entende a dimensão da importância deste ecossistema para a vida na Terra.

Infelizmente, as atividades exercidas no oceano nem sempre são limpas e sustentáveis. Para ilustrar, segundo dados divulgados pela ONU, a estimativa é que em 2050 a quantidade de plásticos no oceano supere a de peixes. E não é só plástico que degrada o oceano, a sobrepesca, as mudanças climáticas e outras atividades humanas também vêm impactando este ambiente e diminuindo os benefícios que ele provê para o nosso bem-estar e para o equilíbrio do Planeta.


Diante dessa situação alarmante, a ONU declarou o período entre 2021 e 2030 como a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. A meta é mobilizar cientistas, políticos, empresas e sociedade civil para a pesquisa e inovação, a fim de promover a conservação dos recursos naturais do globo. Segundo a ONU, esta década deverá facilitar a comunicação e o aprendizado mútuo entre as comunidades de pesquisa e partes interessadas. Ou seja, é um momento muito propício para fortalecer as ações de Educação Ambiental relacionadas ao oceano. Além do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS 14) - Vida na Água, que visa, até 2030, conservar e usar de forma sustentável mares, oceano e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável, contamos também com o conceito de Economia Azul, que nada mais é do que o uso sustentável dos recursos oceânicos para promover o crescimento econômico mantendo a saúde dos ecossistemas. Com seu imenso mar jurisdicional, o Brasil tem enorme potencial para explorar atividades econômicas no oceano, de forma limpa e sustentável.


Faz 30 anos desde que foi declarado o Dia Mundial do Oceano. Cada vez mais este ecossistema ganha visibilidade na agenda global da sustentabilidade, mas ainda temos muita luta pela frente! Luta esta que também passa pela equidade de gênero e justiça socioambiental.


Sigamos juntas por um oceano inclusivo, saudável e resiliente: pelo oceano que queremos!


Esse texto é uma parceria da Liga das Mulheres pelo Oceano e do Uma Gota no Oceano.

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