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  • Colaboradoras da Liga

A voz e a vez das mulheres

Atualizado: 13 de jul. de 2021

Se o meio ambiente pudesse escolher alguém ou um grupo para representá-lo, penso que escolheria as mulheres. Isso porque pesquisas apontam que as mulheres têm maior consciência e envolvimento em relação à preservação ambiental, ou seja, de um modo geral, elas têm mais comportamentos sustentáveis. Estão mais envolvidas sim, porém têm menos poder na tomada de decisões para combater as mudanças climáticas.


Isso levanta a discussão sobre meio ambiente e gênero. A consciência sobre o fato de que a discrepância de gênero existe em diversos âmbitos da vida é cada vez maior. Ela está presente nas diferenças salariais, nos cargos de responsabilidade dentro das empresas, na divisão das tarefas domésticas e até na quantidade de tempo livre em relação aos homens (sim, as mulheres descansam menos!). Não bastasse, dados apontam que esta diferença também está presente nas crises climática e ambiental.


Estudos científicos e dados divulgados pela ONU destacam que as mulheres sofrem mais com os impactos negativos gerados pelo aquecimento global e mudanças ambientais extremas. Segundo dados da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o sexo feminino representa 70% das pessoas pobres do mundo e 80% de todos os refugiados por problemas climáticos. A UICN explica ainda que as mulheres são responsáveis ​​por produzir e coletar alimentos e água para cozinhar, e as mudanças climáticas tornam essas tarefas cada vez mais difíceis. O papel da mulher no manejo dos recursos naturais é protagonista, relevante e ativo em ações locais, regionais e globais.


Como exemplos, a Agenda 2030, que pressupõe a implementação de estratégias as quais contemplam o papel feminino na dimensão sociopolítica das questões ambientais. Ou mesmo em movimentos e redes de mulheres, como a Liga das Mulheres pelo Oceano, cuja missão, além de comunicar e agir pela sustentabilidade dos mares, visa também transformar o meio ambiente com uma comunicação em larga escala sob a ótica das mulheres, valorizando o seu trabalho. Não se trata de excluir ninguém, apenas ressaltar o papel da mulher em ações de proteção ambiental e marinha, e comunicar a emergência de ações de conservação para engajar e inspirar novas iniciativas.


Chegou a hora de sermos protagonistas no movimento da conservação marinha e ambiental! Assim como no mundo, no Brasil, as mulheres exercem importante papel, tanto no enfrentamento de problemas ambientais quanto no desenvolvimento de ações que contribuam para a conservação da natureza e, consequentemente, para a qualidade da vida humana. Embora a equidade de gênero ainda seja um desafio, o país tem excelentes exemplos de lideranças femininas que protagonizam avanços importantes em relação à proteção ambiental.


A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) reconheceu a importância de envolver mulheres e homens igualmente no desenvolvimento e implementação de políticas climáticas nacionais que atendam às questões de gênero. Se as políticas ou projetos forem implementados sem a participação significativa das mulheres, além de não resolver o problema em sua totalidade, pode aumentar as desigualdades existentes mundo afora.


Texto por Elisa Mello, jornalista e membra da Liga das Mulheres pelo Oceano.


Fontes:

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 09/03/2017;


Foto da capa: Aaron Burden (Unsplash)



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