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Liga na Década: Economia Azul, com Tatiana Zanardi

Um dos desafios da Década do Oceano é a Economia Azul. Você sabe o que isso significa?


Economia Azul quer dizer que todos os governos devem incentivar e implementar práticas econômicas que busquem o equilíbrio entre o crescimento e a sustentabilidade do ecossistema marinho.


Um grupo de especialistas definiu a Economia Azul como sendo a forma de produção sustentável e execução de qualquer serviço e qualquer atividade que use e proteja os recursos marinhos e costeiros.


Na Década do Oceano, ele foi descrito como a forma de gerar conhecimento, apoiar a inovação e desenvolver soluções para o desenvolvimento equitativo e sustentável da economia oceânica em condições ambientais, sociais e climáticas em constante alteração.


Você pode se perguntar, mas quem que vai fazer isso?


Bom, quem pode colocar a mão na massa é o setor privado, público, órgãos de pesquisa, governos, ONGs e cada um de nós. Todos podemos colaborar para a proteção ambiental, a sustentabilidade, a comunicação e o desenvolvimento econômico.


Para falar sobre este tema, nós convidamos a Tatiana Zanardi para contar sua experiência e como ela coloca em prática a economia azul no seu dia a dia. Confira abaixo nossa conversa:


[LIGA] Tatiana, conte para nós um pouco sobre você. Qual é a sua formação e a sua atividade atual?

[Tatiana] Considero minha formação e jornada profissional bem eclética rsrsrs… Estou sempre em busca de aprendizado e de caminhos que tragam sentido para minha vida - pessoal, social, ambiental - por isso comecei minha carreira arraigada, e hoje estou envolta por água. Sou formada em Tecnologia da Informação, com pós graduação em Gestão Ambiental e MBA em Gestão de Negócios. Nesse meio tempo me formei Capitã Amadora pela Marinha do Brasil, mergulhadora de resgate NAUI e documentarista 3D. Atualmente estou como Diretora do Comitê de Economia Circular e Azul do Climate Smart Institute, documentarista sub da Ocean Eyes Productions, co-fundadora do Projeto Oceano Vivo e fundadora do Movimento Cook4life. Também recebo pessoas a bordo do catamarã a vela Ocean Eyes, onde vivo desde 2011 com Alcides Falanghe, para viagens com propósito através do programa Ocean Eyes Blue Experience, que faz parte do One Planet Sustainable Tourism Programme, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).


L: Qual é o seu vínculo com o oceano? Como foi que ele surgiu?

T: A paixão pelo mar começou no momento em que coloquei uma máscara de mergulho em Fernando de Noronha, em 1992, e descobri o silencioso, vibrante e colorido universo marinho. A conexão crescente com o oceano fez com que me tornasse mergulhadora e videógrafa sub, fazendo com que todo meu tempo livre e férias fosse debaixo d'água. Tive a oportunidade de mergulhar no Atlântico, Índico e Pacífico, como colaboradora de revistas de mergulho. Até 2010 trabalhei em um escritório, na Abril Educação, mas em 2011 eu e o Alcides decidimos trocar a vida terráquea pela vida embarcada. Vendemos apartamento, saímos dos empregos, nos despedimos de São Paulo, e partimos para uma nova vida a bordo do catamarã a vela Ocean Eyes, que compramos nas Ilhas Virgens, no Caribe. Era para ser uma volta ao mundo em 4 anos, já estamos há 10 anos e ainda não saímos do Caribe rsrsrs.



Fundamos a produtora de conteúdo Ocean Eyes Productions, e lançamos o Projeto Oceano Vivo, com o objetivo de documentar a biodiversidade marinha, mas também os problemas e soluções que encontramos no caminho.

Mapeamos mais de 30 iniciativas em diferentes ilhas do Caribe, e conversamos com empreendedores, especialistas, cientistas e voluntários sobre o que é preciso para manter o Oceano Vivo. Porque afinal, a espécie mais ameaçada atualmente é a espécie humana.


L: Como você tem atuado para uma Economia Azul?

T: Tenho atuado em diversas frentes, sempre trazendo uma perspectiva sistêmica que conecta o verde ao azul. Acho que temos que ter muito cuidado quando falamos do oceano como uma fonte de riquezas a serem exploradas. Mais do que ver o oceano como a sétima economia mundial em termos de PIB, devemos olhar o oceano como a maior fonte de vida para o planeta. Vivemos um momento onde antes de tudo é necessário cuidar para que esse ecossistema continue vivo e produzindo oxigênio, regulando o clima, provendo alimento para bilhões de pessoas. O azul (a água: bacias hidrográficas, rios, corpos hídricos) é o veículo que carrega o impacto da terra para o mar, sejam eles poluentes, resíduos sólidos, sedimentos, plásticos, e por isso precisamos também olhar para a terra, e ver quais as consequências que os nossos atos tem no mar.



Dentro do Climate Smart Institute criamos o conceito de Economia Circular e Azul, pois acreditamos que a implementação de uma economia circular é fundamental para diminuir os impactos no oceano. Estamos atuando nas frentes de conscientização (Summit Blue-ing the Circular Economy realizado recentemente), educação empreendedora (programa Blue Ignition) e chamadas de negócios para uma economia pró-clima, circular e azul (Climathon).

Temos foco nas seguintes áreas de atuação: economia neutra em resíduo plástico; turismo sustentável e modelos de conservação da biodiversidade marinha e costeira; conservação de manguezais e valoração de carbono azul; bioeconomia azul; produção sustentável de pescados e transporte marítimo carbono neutro.


Outra frente que tenho atuado é recebendo hóspedes a bordo do catamarã Ocean Eyes para uma semana de imersão na vida a bordo e mergulho para acompanhamento da biodiversidade marinha, dentro do programa Ocean Eyes Blue Experience. Muitas pessoas ainda não sabem distinguir um recife vivo de um recife morto, por exemplo, e ficam chocadas quando explicamos o que está acontecendo.


Neste programa, também passo dicas de gastronomia saudável e sustentável (Movimento Cook4life), e fico muito preocupada quando vejo que muitos não sabem que cação é tubarão, e não deve ser consumido em hipótese alguma. E continuamos seguindo produzindo documentários e entrevistando protagonistas da conservação aliada ao empreendedorismo, para atingir um número maior de pessoas através de redes sociais, artigos e eventos.


L: Na sua visão, quais são os principais desafios para a gente ter mais exemplos de soluções sustentáveis para uma economia azul?

T: Destaco, entre muitos, três grandes desafios: comunicação consciente; investimento e formas de financiamento; regulamentação e fiscalização.


Comunicação consciente porque, conforme comentei, grande parte da população ainda não compreende o tamanho da consequência das nossas ações em terra, e que o que acontece no mar afeta diretamente quem vive em qualquer lugar do planeta e não somente nas regiões costeiras. Nunca a humanidade teve tanta informação, pesquisa científica e noção do que está causando. Precisamos encontrar uma forma de comunicar e provocar a mudança em larga escala, em toda a sociedade, pressionando lideranças de iniciativas privadas e governos para agirmos em conjunto.


Investimento e formas de financiamento porque Economia Circular e Azul ainda é um tema novo no Brasil, e investidores precisam entender a importância de se olhar para ele, mesmo com fatores de riscos envolvidos, porque neste momento não é somente o retorno financeiro que deve contar, mas também a preservação da continuidade da vida.


Regulamentação e fiscalização porque o oceano é de todas e de todos, sem fronteiras, sem barreiras, o que complica a aplicação de leis e seu seguimento. O lixo de um país é levado pela correnteza para outro, o aquecimento global afeta a todos, os seres marinhos não sabem onde começa e onde termina um parque marinho. Como acabar com a pesca ilegal, o derramamento de óleo, a exploração desenfreada? São questões complexas que devem ser tratadas por alianças globais entre nações e líderes mundiais. Acredito que a conexão das mulheres em prol do oceano será o fator chave para enfrentar estes desafios, e o momento é AGORA.


Gostou desta conversa?

Conheça mais dos trabalhos realizados pela Tatiana Zanardi nos links:

Redes sociais:

LinkedIn e Instagram:

Climate Smart Institute

Facebook e Instagram:

Ocean Eyes Experience

Facebook:

Projeto Oceano Vivo


Esse texto foi coordenado por Monique Fortuna, membra do grupo de comunicação do GT-Década do Oceano da Liga das Mulheres pelo Oceano.


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