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Não vai ser fácil! O impacto das mudanças climáticas para a sociedade



Por Leandra Gonçalves


Foi lançada no dia 28 de fevereiro a segunda parte do 6o relatório do IPCC. Essa seção concentra-se em avaliar os impactos das mudanças climáticas, nos ecossistemas, na biodiversidade e nas comunidades em seus diversos níveis (global e local). Também analisa as vulnerabilidades e as capacidades e limites do mundo natural e das sociedades humanas para se adaptar às mudanças climáticas. Por isso é muito importante. Ele olha para os impactos apontados na primeira parte, e discute opções e alternativas para convivermos nesse mundo em mudança. Poderíamos escrever (+)100 páginas sobre o tema, mas, a ideia é resumir ALGUMAS das MUITAS conclusões do relatório.

Começando pelo o que já sabemos, mas SEMPRE MUITO IMPORTANTE RELEMBRAR que as mudanças climáticas vão causar danos e perdas cada vez mais irreversíveis nos ecossistemas marinhos terrestres, de água doce e costeiros e de oceano aberto. A extensão e magnitude dos impactos das mudanças climáticas são maiores do que o estimado em avaliações anteriores, e ainda esses impactos associados à alta degradação ambiental, a alteração na estrutura e função do ecossistema, resiliência e capacidade de adaptação natural trarão consequências socioeconômicas relevantes. Comunidades mais vulneráveis, serão ainda mais impactadas.

Ainda, aproximadamente metade das espécies avaliadas globalmente mudaram para os pólos ou, em terra, também para altitudes mais elevadas. A perda da biodiversidade foi causada por aumentos na magnitude dos extremos de calor, bem como eventos de mortalidade em massa em terra e no oceano e perda de florestas de algas. Algumas perdas já são irreversíveis, como as primeiras extinções de espécies impulsionadas pelas mudanças climáticas. O aumento inevitável do nível do mar trará impactos irreversíveis, resultando em perdas de ecossistemas costeiros e serviços ecossistêmicos, salinização de águas subterrâneas, inundações e danos à infraestrutura costeira que se transformam em riscos para os meios de subsistência, assentamentos, saúde, bem-estar, segurança alimentar e hídrica e valores culturais no curto e longo prazo. Uma forma de lidar com esse problema é deixar a natureza fazer seu trabalho. A conservação, proteção e restauração de ecossistemas terrestres, de água doce, costeiros e oceânicos, juntamente com uma gestão direcionada para se adaptar aos impactos inevitáveis ​​das mudanças climáticas, reduz a vulnerabilidade da biodiversidade às mudanças climáticas.

Não há uma solução única, mas sim, um pacote de soluções que precisa ser construído e implementado para ontem. Da forma como está, estamos longe de se adaptar aos impactos.



Se pensarmos no Brasil, impactos como o que vimos recentemente em Petrópolis, no Sul da Bahia e em muitos outros lugares serão ainda mais frequentes, e a forma de reagir, será cada vez mais lenta, já que a distância entre ação e impacto estão aumentando. Ficou bem clara na coletiva de lançamento e no relatório a necessidade de incorporar os conhecimentos tradicionais e o importante papel das diferentes formas de conhecimento, na compreensão e gestão das mudanças climáticas. As comunidades precisam estar envolvidas, e serem parte dessas construções em um esforço de co-construção, que possa ajudar na transformação de como vemos, sentimos e reagimos às mudanças climáticas.


Leandra Gonçalves é professora no Instituto do Mar (UNIFESP) e integrante da Liga das Mulheres pelo Oceano.


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