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O Trabalho e a Liga

  • Foto do escritor: Colaboradoras da Liga
    Colaboradoras da Liga
  • 5 de mai.
  • 6 min de leitura

Atualizado: 6 de mai.


Por Adriana Lippi, Mariana Andrade, Maila Guilhon, Bruna Canal e Lygia Barbosa.



No dia 1º de Maio se celebra o Dia Internacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras. Frequentemente nos referimos a essa data como ‘dia do trabalho’, projetando na atividade um foco que deveria ser das pessoas que a desenvolvem. Mas é justificável, afinal a sociedade funciona na energia do trabalho, e é uma parte muito importante do que nos caracteriza como sociedade e como pessoas. Em geral, toma por volta de 8h de pelo menos 5 dias da semana. É claro que essa é uma visão do que acontece do lado de fora de casa, do trabalho pago e regido por normas sociais. Porém, há décadas, é trazido à discussão o trabalho de cuidado, que historicamente e ainda hoje é feito principalmente por mulheres e de forma não remunerada. Para se ter ideia, se colocado em formatos monetários, estima-se que o valor do trabalho de casa não remunerado realizado por mulheres custa aproximadamente 3,6 trilhões de dólares por ano (aprox. 20 trilhões de reais).


O trabalho de cuidado inclui, entre outros, planejar e executar a limpeza da casa, o cuidado de crianças, idosos e pessoas com deficiência, preparar a comida, lidar com as questões emocionais das pessoas, ensinar regras de convivência, vestir pessoas, lembrá-las e levá-las a compromissos, etc… Podemos trazer para o trabalho de cuidado também questões que vão além do espaço doméstico: conservação ambiental, movimentos na luta de direitos sociais, ser rede de apoio para pessoas que cuidam de outras pessoas, cuidar emocionalmente das pessoas do trabalho, entre muito mais coisas. Mais uma vez, as mulheres são maioria nessas atividades e, em geral estão sendo menos remuneradas que homens, ou nem remuneradas - muito menos são reconhecidas - por as executarem.


Tendo em vista essas questões, nesse Dia dos Trabalhadores, gostaríamos de compartilhar com vocês um pouco sobre como “trabalho” é pensado e discutido dentro da atual estrutura da Liga. A Liga das Mulheres pelo Oceano existe para tratar principalmente de dois assuntos: a Conservação do Oceano e a Emancipação das Mulheres que atuam nessa área. Atualmente fazemos isso através da atuação por meio de grupos de trabalho que atuam por meio de temáticas, ou recortes diversos - sejam sociais (como o GT Mulheres Negras faz), políticos, regionais, áreas de atuação, entre outros - de forma voluntária. Esse aspecto, no entanto, é uma pauta de constante diálogo nos bastidores da Liga.


Nesses 6 anos de Liga tivemos um crescimento muito rápido da comunidade de mulheres que se inscreveram para participar. O que inicialmente era um movimento pensado para algumas centenas de mulheres, de uma hora para outra, atraiu milhares. Por isso, é (e provavelmente sempre será) necessário repensar o que é a Liga, na prática, e como acolher a expectativa de tantas mulheres que desejam fazer parte. São anos de debates e reflexões na Secretaria Executiva da Liga pensando em como zelar pelo presente e cuidar do futuro desse movimento e das pessoas que o fazem de forma voluntária.


Várias de nós, que compomos e compusemos a Secretaria Executiva, temos ou tivemos experiências de trabalho na Academia, no Terceiro Setor, na iniciativa Privada e em outros Coletivos não formais. Tudo isso contribuiu para que trouxéssemos aprendizados para a Liga, tanto sobre o que deu certo, quanto sobre o que não deu. Nossa visão é que na Liga temos uma oportunidade de construir algo que possa ser uma alternativa aos modelos de trabalho atuais que, vira e mexe, nos trazem frustrações, burnouts, impactam negativamente nossa saúde mental e prejudicam a missão por um legado positivo. Quebrar normas de modelos de trabalho que nos oprimem não é sempre fácil, e a Liga é uma constante tentativa e oportunidade de experimentação de gestão de equipes, projetos, comunidade e expectativas. 



Como é o trabalho na Liga


A Liga hoje é um coletivo, sem personalidade jurídica, mas que pode vir a tê-la. Nos estruturamos em Secretaria Executiva (SE) e Grupos de Trabalho (GTs). Tentar trabalhar autonomia e integração entre esses espaços é um desafio que lidamos todos os dias. Todas as integrantes oferecem seu tempo voluntariamente para a Liga.


A SE é o principal espaço de definições estratégicas, que trata das questões mais burocráticas e administrativas, que discute as regras básicas sobre o funcionamento da Liga, e que dá suporte aos GTs. Todas essas atividades buscam sempre basear-se na escuta às demandas e opiniões das mulheres do GTs.  Mesmo com encontros semanais, ainda existem muitas tarefas que precisam ser feitas para além desse período de encontro. Nem sempre todos os debates e decisões conseguem ser finalizados nesse momento semanal e o trabalho assíncrono é fundamental para distribuirmos e desenvolvermos atividades de acompanhamento da gestão da Liga.


Os GTs são os que mapeiam demandas, trazem ideias, criam soluções e  operacionalizam e desenvolvem projetos mais específicos para diferentes temas e necessidades do coletivo. Alguns se encontram semanalmente e outros mensalmente. Alguns GTs podem existir por toda a vida da Liga, outros são mais relacionados a períodos determinados, como o GT Década do Oceano.


Garantir que os projetos estejam conectados com os valores e objetivos da Liga, que a SE consiga ter informações do que está sendo desenvolvido, que eles não estejam sobrepondo ações de outros GTs, que exista um ambiente saudável de trabalho nos GTs, são alguns dos desafios que também olhamos como SE.



Ambiente de Trabalho


Não faltam memes falando sobre como é desgastante estar no trabalho. Existem várias questões relacionadas à sobrecarga, que incluem o custo de vida crescente e a necessidade de se submeter a trabalhos degradantes para ter acesso a uma vida digna - e ainda para muitos algo mais próximo disso. Existe também o fato do espaço de trabalho ser muitas vezes pouco democrático. A Liga não é partidária, mas é política, e enquanto coletivo que se dedica a pautas socioambientais, é inevitável esbarrar nas várias dimensões do exercício da democracia, e nós consideramos isso fundamental.


Aos poucos, na base do aprender fazendo, estamos construindo um espaço de trabalho democrático, em que as integrantes da Liga têm autonomia para propor atividades e projetos e garantir que a nossa estrutura seja capaz de acomodar novas ideias, pessoas e formas de trabalhar. Ao mesmo tempo, é importante que a SE exerça seu papel de garantir que a missão, os valores e a visão da Liga enquanto comunidade não estejam desconectados do que estamos fazendo nos diferentes grupos e espaços.


Outra questão que estimulamos e que é de aprendizado contínuo refere-se à nossa conduta individual nesse espaço coletivo. Saber chegar a consensos, negociar com empatia, explicar suas ideias, encontrar alternativas, se responsabilizar por decisões coletivas, saber comunicar seus limites, desenvolver uma escuta ativa, aprender a comunicar de forma não-violenta, trabalhar de forma colaborativa, lidar com pessoas de origens e interesses diferentes, mas que se convergem em algum ponto. Todas essas condutas fazem parte do exercício democrático, que nos devolve nossas habilidades de animais políticos, um traço constante da vida social dos seres humanos.


Mantemos presente de forma contínua nossa autocrítica sobre a Liga funcionar à base de trabalho não-remunerado. Não é o que gostaríamos, mas faz parte de nossos planos, que isso mude de alguma forma em breve. Sabemos da inviabilidade de remunerar todas as mais de 2500 mulheres para um movimento novo como o nosso e que não adota abordagens comerciais para levantar recursos. No entanto, enxergamos que a Liga é um espaço de aprendizado, onde as mulheres possam refletir e praticar outras formas de trabalho, bem como desenvolver habilidades que certamente contribuirão para qualquer outra atividade ou área de atuação que estejam envolvidas ou desejem se envolver. Que também através da Liga, cada mulher possa questionar os modelos de trabalho existentes e vislumbrar novos caminhos. Juntas, a gente funciona e podemos criar muitas coisas.


Além disso, a  Liga também é um espaço fértil de conexões profissionais e de fortalecimento mútuo. As redes que construímos aqui são, na prática, um exercício de sororidade que tem como objetivo nos levar juntas a ocupar lugares onde historicamente fomos excluídas. As trocas entre as mulheres da Liga já abriram caminhos, criaram oportunidades, ampliaram vozes e transformaram trajetórias. Estar aqui é também acessar um ecossistema de apoio, potência e possibilidades.


Como mensagem final, lembre-se: a Liga é sua também. Você pode sugerir, propor, criticar, conversar com a Secretaria Executiva, trazer ideias e construir junto. Pode e deve ocupar esse espaço! Participar dos Grupos de Trabalho, estar nos encontros, mandar aquela mensagem com uma dúvida ou proposta... Tudo isso faz a Liga acontecer. Quanto mais mulheres ativas, mais viva e transformadora ela será.



Autoras:

Adriana Lippi é Oceanógrafa (USP) e Mestra (UNIFESP) em Ciência e Tecnologia do Mar. É uma das co-fundadoras da Liga. Atua como comunicadora de ciências marinhas e emergência climática, gestora de projetos socioambientais, facilitadora, analista de dados e webdesigner. Está na SE da Liga desde 2021.







Bruna Canal está na SE da Liga desde 2025.










Lygia Barbosa está na SE da Liga desde 2021.









Maila Guilhon está na SE da Liga desde 2025.












Mariana Andrade é Oceanógrafa (UFPR), mestre em oceanografia (USP) e co-fundadora da Liga e da Bloom Ocean. Se dedica a conservação marinha e a governança oceânica, conectando ciência, política e comunicação. Atualmente, coordena as Campanhas de Oceano no Greenpeace Brasil. Participou na SE da Liga de 2019 a 2024.participou na SE da Liga de 2019 a 2024.


1 則留言


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há 5 horas

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